Como tudo na vida do poeta Pablo Neruda, a história de La Chascona também é digna de um filme. O poeta sempre teve uma vida muito intensa, seja na política ou no amor, carregada de paixões e turbulências. La Chascona é como um poema de amor, essa é a história da casa secreta de Pablo Neruda, onde ele mantinha um oculto romance com sua amante Matilde.
Construída numa das regiões mais charmosas de Santiago, o Bellavista. Um bairro onde os artistas expõem suas artes, e também é um ponto de encontro de pintores, escritores e boêmios. É um dos lugares mais fascinantes da cidade, muito colorido, repleto de bares e restaurantes para todos os gostos.
A história de La Chascona
A fachada da casa |
Iniciais do casal na janela |
La Chascona foi construída em 1953, em uma ladeira da Cerra de San Cristóbal, com o propósito de ser um refúgio de amor para com sua amante Matilde Urrutia, que mais tarde veio a se tornar sua terceira esposa. La Chascona era um apelido que Pablo deu a Matilde por causa da sua enorme cabeleira vermelha, em sua homenagem a casa foi batizada com esse nome.
Reza a lenda que numa tarde de amor, Pablo Neruda e Matilde passeavam por essa região e se encantaram pelo barulho da água caindo de uma cachoeira. Ela escreve em suas memórias:
"Ficamos assombrados pelo som da água ... era uma cachoeira de verdade que descia o canal...”
Ficaram tão empolgados que decidiram comprar o terreno. Muito mais tarde, em seu poema “La Chascona” do livro “A Barcarola",Neruda evocaria a água que corre por escritos em seu “idioma", e os arbustos que protegia o local como seus “ramos de sangue."
A casa serviu também como refúgio de muitos amigos de Neruda, entre eles o muralista mexicano Diego Rivera, que pintou um retrato de Matilda com duas cabeças. Se olharmos de perto a cabeleira de Matilde na pintura, podemos ver a imagem de Neruda difusa entre seus cabelos, que simbolizava o amante que permanecia escondido. Esta é uma das peças mostradas hoje no museu.
Em fevereiro de 1955, Neruda separa-se finalmente de sua esposa Delia del Carril. E muda –se definitivamente para La Chascona.
Em 23 de setembro de 1973, dias após o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende; Neruda morreu em Santa Maria Clínica de Santiago. E La Chascona sofreu atos de vandalismo. O riozinho que o poeta tanto amou foi interditado, provocando inundação por toda casa. Inclusive, tiveram que colocar tábuas sobre a lama para mover os restos mortais do poeta, que foi velado nesta casa por insistência de Matilde. Ela e alguns amigos passaram a noite toda do velório na sala que teve o vidro estilhaçado.
Matilda se esforçou para reparar os danos da casa que ela havia construído com Neruda, e lá viveu até sua morte em 1985. Assim, "La Chascona" renasceu e hoje é um museu que procura difundir a vida do poeta, permitindo o acesso ao íntimo em que viveu e criou.
Em "La Chascona" são conservadas muitas coleções do poeta, uma galeria de arte interessante, com obras de pintores chilenos e estrangeiros de todos os tempos. Há também uma coleção de esculturas em madeira Africana e outros objetos de mobília do designer Piero Fornasetti. Existem também ambientes de Neruda, como sua sala de jantar com pratos originais e talheres.
Imagens: minha autoria
Fonte de Pesquisa: informações dada pelo nosso guia no dia da visita ao museu,Wikipedia, fundação Pablo Neruda, Site da Universidade do Chile.