terça-feira, 5 de abril de 2011

Última viagem pela Índia...


Continuação...

Rumo ao Taj Mahal...

Em Jaipur, entramos em contato com uma empresa de transporte que poderia nos levar até Agra, foi através de uma indicação de um amigo do trabalho. Demos preferência para esta empresa, pois os passeios turísticos promovidos pelo hotel custavam o dobro. Mas, na hora que chegou o carro, bateu até um arrependimento, era um carro velho e precário... mas, têm horas na vida de nômade, que o que nos resta é fechar os olhos e arriscar.

 Foram 4 horas até Agra. Pelo caminho, pudemos ver de tudo: muita miséria (como sempre), família em condições subumanas, mulheres trabalhando nos arrozais; vacas magrinhas comendo lixo, e também muito cocô de vaca  secando ao sol em formas de rodelas (são usados em construção e também como meio de fazer fogo para cozinhar, foto abaixo). Um fato triste aqui na Índia, é que a mulher é explorada de todas as formas, principalmente na área rural. São elas que trabalham para sustentar a família, buscam água em áreas afastadas, cuidam dos filhos...  E os maridos? Ficam o dia todo jogando cartas. Mulher na Índia não tem valor, na minha forma de ver, é mais considerada  uma “coisa” do que gente.

Chegando à Agra, aquele inferno de gente, multidões de pedintes, trânsito caótico, e para piorar uma das ruas principais estava fechada para reparos. Como podem fechar uma rua de alto fluxo, com acesso ao Taj Mahal, num final de semana? Sem lógica, mas tudo é possível por aqui. Resumindo: ficamos mais 2 horas do previsto para chegarmos próximo ao Taj Mahal.  

A cidade dos Mortos-Vivos

Chegando às proximidades, tivemos que deixar o carro no estacionamento. Amigos, eu sempre relaciono os meus relatos com algum filme que eu assisti, pois, acho que surte mais efeito na visualização. Agora, imaginem o filme de terror... sabe aquele da década de 80, chamado ” A Volta dos Mortos-Vivos? Que um monte de Zumbis corriam atrás dos pobres mortais querendo comer  os seus cérebros.  Pois é, foi assim que eu me senti  ao chegar no estacionamento do Taj Mahal. Muita gente correndo atrás da gente, desde o menino que queria vender o chaveirinho do Taj Mahal até o moço que puxou o chinelo do meu marido para costurar a força (tive que gritar, ameaçar em chamar a policia, para que ele largasse o chinelo... na verdade,só precisava de uma colinha num cantinho, mas não queríamos isso naquela hora....rsrsrsrs )

O estacionamento é numa grande área, e tivemos que caminhar um curso de 15 minutos até chegarmos numa das entradas do Taj Mahal. No trajeto, dezenas de “zumbis” nos perseguiram, um menino encheu tanto o nosso saco para nos levar de bicicleta, que fomos vencidos pelo cansaço da insistência. E subimos na cadeirinha... e a sensação de ver aquele pobre menino magro se matando para nos levar na sua bicicleta foi ao mesmo tempo penoso e hilário. E o pior é que seria muito mais rápido se a gente estivesse caminhando. E num ultimo trecho, tinha uma subida, o coitadinho desceu da bicicleta e ficou arrastando... aí meu deus... deu uma dor no coração. Neste trajeto, pude ver , centenas de pessoas se cotovelando e alguns mendigos maconhados  brisando pelo chão...

Na entrada principal, outros zumbis que são chamados  “os guias de turistas”, dezenas apareceram mostrando suas carteiras com fotos, fotos que  às vezes não eram deles. E mais uma vez uma correria, uma chuva de nãos....

Finalmente no Taj Mahal

Depois de toda a via crucis, chegamos ao exuberante Taj Mahal.  E para mim, é realmente uma das maravilhas do mundo, um dos lugares mais lindo que já vi, a perfeição é divina!  Deu até para imaginar, nesta hora, o tamanho do amor do Imperador  Shan pela sua esposa.

Ficamos 2 horas na imensidão da beleza do Taj Mahal. Eu, anestesiada de tanta formosura, mas ainda pude sentir os pezinhos (não tão pequenos assim)  esturricando no chão quente, pois tivemos que deixar os sapatos na entrada.

E mesmo pagando 750,00 Rupias (valor alto para o padrão indiano) para entrar no Taj Mahal, os caras ainda queriam cobrar de tudo: permissão para usar a câmera, para deixar os sapatos e até para ir ao banheiro. E o mais cômico é que eles cobravam somente dos estrangeiros, bobinha essa gente, né?  Para mim eles não pediam, pois eu pareço uma indiana; mas, quando eles viam a brancura do meu marido, parecia que viam cifrões em forma de gente.

O exuberante Taj Mahal é cercado por um maravilhoso jardim. Pela primeira vez, aqui na Índia, vi um jardim verdadeiramente verde, preservado e limpo.

Dever cumprido

Eram 2 horas da tarde quando saímos do Taj Mahal, e estávamos famintos, quem disse que tinha algum restaurante limpo nas proximidades? Perguntamos ao motorista se tinha um McDonald por perto, e o cara nem sabia  o que era isso. Resumindo: ficamos o dia todo comendo bolacha e bebendo água, e  mais nada. E o jeito foi ir diretamente ao aeroporto de Jaipur para voltar para casa de Mumbai.

A sensação, depois dessa viagem, é mais de dever cumprido do que um deleite.  E encerramos  assim, para a nossa felicidade, as  aventuras pelas terras indianas.


Vista principal do Taj Mahal

Os detalhes do Taj Mahal

Taj Mahal

Porta de saída do Taj Mahal


Dentro do Taj Mahal

Sem sapatos 






Cocô de vaca para várias utilidades

Um comentário:

Unknown disse...

"E encerramos assim, para a nossa felicidade, as aventuras pelas terras indianas."...até ri Jackie desse seu desfecho..rsrs
Adorei saber sobre a Índia através do seu olhar "sem maquiagens" mas a verdade "nua e crua" q é esse país. Bjs