quinta-feira, 5 de maio de 2011

Manual de sobrevivência na Índia- Parte XIII



Tudo que você precisa saber sobre a Índia e ninguém teve a coragem de te falar...

Continuação...



Ser criança na Índia...

Suicídio, pressão escolar, o cotidiano...

Como foi comentado no post anterior, o que pude observar é que as crianças indianas são cheias de obrigações. Alguns amiguinhos, do meu filho, tinham obrigações com várias atividades todos os dias. Aula na escola das 7 as 15:00, depois atividades extra curriculares: aula de pintura, de música, de matemática, artes marciais, reforço escolar,  críquete ou aula de tênis.... Sem falar nas lições de casa que eram bastante. Resumindo, tantas atividades, que a maioria não tem tempo de ser apenas criança. Não tem muito tempo para brincar.


Por outro lado, quando crescem, levam a criança dentro de si, enchendo os parques de diversões e play ground. É até irônico você chegar numa área de playkids- área infantil de jogos no shopping- e ver lotada de adolescentes e adultos. E a pergunta que paira no ar: onde estão as crianças? Estão estudando...estudando..estudando...
Não é a toa que os indianos se destacam no campo das ciências e da matemática, alguns são considerados os melhores do mundo. Ser o melhor em tudo é o grande ideal de todos, desde pequeno.

Mas, atrás disso encontra-se um lado negro que é o alto índice de suicídio.O suicídio é uma das três principais causas de morte entre as pessoas de 15 a 35. Também há um entendimento geral entre psicólogos e professores de que a principal razão para o alto número de mortes de adolescentes é a crescente pressão sobre as crianças para que se saiam bem nos exames escolares.

Algo que pude observar também através dos amigos do meu filho, é que existem  formas  de auto punição, uma tipo de auto-flagelação. Se eles fazem algo errado, eles mesmos fazem algo para se castigar. Como por exemplo: um dia um amiguinho do meu filho, no calor de uma brincadeira, acidentalmente jogou a bola no rosto do meu filho, e logo após disso ele foi para o canto e ficou de cócoras, cabisbaixo, puxando as pontas das orelhas. E o Erik ( meu filho) sem entender nada, foi até ele e falou que estava tudo bem e para ele não ficar triste. Mas, mesmo assim, ele continuou na mesma posição, até que meu marido entrou no quarto e  pediu docemente para que ele saísse do castigo, e que não precisava de tudo isso e que acidentes acontecem.
Se o leitor quiser saber mais sobre pressão escolar e suícidio, leia essa reportagem da BBC:

Ocorrência diária
Inexplicavelmente, os suicídios de adolescentes se tornaram quase uma ocorrência diária no Estado de Maharashtra – um dos mais desenvolvidos do país – e em sua capital, Mumbai.
O total de suicídios de adolescentes desde o começo do ano até o dia 26 de janeiro já era de 32, numa média de mais de um por dia.
Apesar de não haver nenhum dado do mesmo período em 2009 para comparação, há um consenso entre as autoridades preocupadas de Mumbai de que os suicídios de adolescentes estejam saindo de controle.
Também há um entendimento geral entre psicólogos e professores de que a principal razão para o alto número de mortes de adolescentes é a crescente pressão sobre as crianças para que se saiam bem nos exames escolares.
Mais de 100 mil pessoas cometem suicídio todos os anos na Índia, e três pessoas por dia tiram suas próprias vidas em Mumbai.
O suicídio é uma das três principais causas de morte entre as pessoas de 15 a 35 anos e tem um impacto psicológico, social e financeiro devastador sobre as famílias e os amigos.
Campanha
Pressão acadêmica sobre os estudantes é vista como possível causa
A diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Catherine Le Gals-Camus, observa que mais gente morre por conta de suicídio em todo o mundo do que por todos os homicídios e guerras combinadas.
“Há uma necessidade urgente de uma ação global coordenada e intensificada para prevenir essas mortes desnecessárias. Para cada morte por suicídio há um grande número de familiares e amigos cujas vidas são devastadas emocionalmente, socialmente e economicamente”, diz ela.
Em Mumbai, as autoridades estão tão alarmadas com o tamanho do problema que começaram uma campanha, com o slogan “A Vida é Bela”, visando ajudar os estudantes a lidar com a pressão acadêmica.
Psicólogos visitam escolas públicas em Mumbai uma vez por semana para treinar professores que lidam com problemas dos estudantes.
Reuniões
A escola Sharadashram Vidyamandir conta com vários ex-alunos ilustres no país, como os ex-jogadores de críquete da seleção indiana Sachin Tendulkar e Vinod Kambli.
A escola vem promovendo reuniões de pais e mestres nas quais os pais podem receber dicas de como combater as pressões que as crianças enfrentam.
Apesar disso, as sessões não preveniram a morte de Shushant Patil, de 12 anos. Ele foi encontrado enforcado num banheiro da escola no dia 5 de janeiro.
Mangala Kulkarni é diretora da ala feminina da escola. Ela diz que as famílias precisam adotar uma postura mais ativa quando se trata de evitar que os estudantes se sintam estressados.
“As crianças não percebem que elas têm mais caminhos do que apenas o sucesso acadêmico. Elas precisam ser levadas a perceber isso por suas famílias desde a infância”, diz.
Um serviço telefônico de ajuda em Mumbai, chamado Aasra, vem operando há vários anos para tentar combater o problema.
O diretor do serviço, Johnson Thomas, diz que os problemas que as crianças enfrentam hoje têm várias facetas.
“Elas enfrentam pressão dos colegas, têm problemas de comunicação com seus pais, relacionamentos desfeitos, pressão acadêmica e medo do fracasso”, afirma.
O Ministério do Interior estima que para cada suicídio de adolescente em Mumbai há 13 tentativas.
Esta reportagem na íntegra:BBC

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